terça-feira, 23 de agosto de 2011

Administração Financeira, o “Bicho Papão” das Pequenas Empresas.

Boa noite!

Publico a seguir texto assinado por mim, que trata sobre uma questão muito delicada nas pequenas empresas, e, principalmente, nas novas empresas. A questão da gestão financeira.


O Brasil e principalmente o estado do Rio Grande do Sul, estado onde estamos inseridos, tem por característica desenvolver pessoas empreendedoras, profissionais que nunca estão satisfeitos em ser só mais um na organização onde trabalham. Baseados nesta característica, os trabalhadores muitas vezes decidem abrir seu próprio negócio, profissionais com altíssima técnica em um determinado ramo, mas com pouco conhecimento em administração, e, por sua vez, nenhum contato com gestão financeira. 

O que se percebe é que muitas empresas no Brasil abrem, iniciam seus trabalhos e após um curto período de tempo fecham. Segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas), em 2010, cerca de 46% das novas empresas não chegaram ao final do seu terceiro ano de vida, e 58% não alcançaram o quinto ano. Pessoas empreendedoras, sim, e com amplo conhecimento técnico, mas sem noções financeiras de negócio. Isso fica claro quando se percebe um dos principais motivos pelo qual esses empreendedores são obrigados a abandonar um negócio que um dia foi um sonho, a falta de capital de giro. 

DRE, Fluxo de caixa, crédito e débito, são palavras até conhecidas por esses empresários, mas em vários casos suas definições não são utilizadas da maneira correta. Um fato facilmente encontrado nas empresas com essas características, é a análise dos números da empresa através do saldo de caixa, ou até do fluxo de caixa, quando na verdade a analise correta se dá através da leitura do DRE (Demonstração de Resultado do Exercício). Esta falta de entendimento, conseqüentemente, não deixará com que o empresário tenha uma visualização  se o processo está sendo rentável ou não.

Existem vários fatores que podem caracterizar uma má administração financeira, e a falta de capital de giro é um deles. O capital de giro é uma ferramenta utilizada na administração financeira, para suprir as altas e baixas do saldo de caixa. Pode-se citar algumas decisões que determinam um saldo de caixa baixo, entre elas: liquidação de um empréstimo a longo prazo; compra de matéria-prima a vista; compra de algum bem, entre outras. 

Esta baixa no saldo de caixa, inevitavelmente, faz aparecer à necessidade do capital de giro, capital este, que algumas empresas não disponibilizam através de recursos próprios, e aí aparecem as ofertas por capital de terceiros. Na falta deste capital de giro e em busca de capital de terceiros, as empresas precisam decidir que caminho seguir para conseguir se manter no mercado. 

As instituições bancárias, por sua vez, podem oferecer diversas modalidades de recursos para resolver o problema de falta de capital das empresas, e é aí que está o problema. Se o empresário já não tem conhecimento em finanças, está em um momento delicado com seu negócio, qual a melhor decisão a tomar? Somente através da escolha pela proposta mais econômica, que tenha o sistema de amortização mais adequado para a situação, a empresa poderá tomar um fôlego, e seguir sua trilha em busca da perpetuidade. 

Atualmente as instituições bancárias, ou financeiras por si só, dispõe de um leque muito grande de propostas quando a oferta é dinheiro, um único modelo de amortização de um empréstimo, por exemplo, pode variar drasticamente devido ao prazo escolhido para pagamento, se terá algum período de carência ou não, se terá o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) incluso nas parcelas ou debitado no ato da contratação, e esses cenários precisam ser analisados um a um para ver qual o mais econômico para a empresa no momento. A necessidade de capital, muitas vezes faz com que a empresa aja com pressa e sem pensar, o que pode ser pior para sua saúde financeira em longo prazo.


Ainda cabe lembrar que normalmente as pequenas empresas, empresas familiares, empresas novas no mercado, e que em muitos casos se caracterizam por um único dono, acabam misturando suas contas pessoais com as contas da empresa, fato esse que sob o olhar das finanças, é totalmente errado. O proprietário precisa, necessariamente, saber dividir o que é pró-labore e o que é lucro. Se não houver essa divisão, o resto todo será tempo perdido. 


Fica como sugestão para um novo post, abordar também a questão da formação do preço de venda, que não deixa de ser um assunto da importância do financeiro de uma empresa, mas aí falarei mais especificamente de custos.

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